12, outubro, 2012

A cerveja e o casamento

 

Estamos na época de um dos maiores festivais que celebram a cerveja, a Oktoberfest. Em alemão o nome significa festa de outubro. Tudo começou como uma celebração do casamento do príncipe Ludwing (que depois se tornou Rei da Baviera) com a princesa Therese há exatos 202 anos, em 12 de outubro de 1810. O casal fez uma festa para o povo em campos abertos na entrada de Munique. Esses campos ficaram conhecidos como Theresienwiese (campos de Therese) e até hoje a festa é realizada no mesmo local. Os habitantes de Munique se referem à festa como Wiesn (campos). O príncipe repetiu a festa todos os anos para celebrar o aniversário do casamento. Curiosamente, no primeiro ano a atração principal não foi a cerveja mas as corridas de cavalo.
 
Apesar do nome festa de outubro, a Oktoberfest de Munique inicia na terceira semana de setembro e termina depois da primeira semana de outubro para aproveitar os últimos dias de temperatura mais agradável no final do verão e início do outono. A Oktoberfest de Munique continua a ser a maior do mundo. A de Blumenau, no Brasil, é tida como a maior fora da Alemanha. 
 
A cerveja da festa de Munique, chamada de Oktoberfestbier, oficialmente só pode ser fabricada pelas seis grandes cervejarias da cidade: Augustiner, Paulaner, Hacker-Pschorr, Hofbräu. Löwenbräu e Spaten-Franziskaner. Ela é consumida em canecas de um litro chamadas Mass em alemão. As primeiras versões eram escuras, mas com o tempo ela foi ficando mais clara. Durante muito tempo o estilo de cerveja da Oktoberfest se aproximava muito de uma Märzen, ou março em alemão. Nessa época era proibida a fabricação de cerveja nos meses mais quentes. Como não existia refrigeração artificial, a cerveja poderia facilmente estragar. As cervejarias trabalhavam com toda capacidade no mês de março para produzir uma cerveja mais alcoólica e com mais lúpulo que pudesse ser guardada durante meses e ser consumida até outubro, quando as cervejarias podiam voltar a fabricar. Essas cervejas eram estocadas em caves cheias de gelo coletado no inverno. A maturação ocorria durante a estocagem (ou lagering, daí o nome Lager para as cervejas de baixa fermentação) promovendo um arredondamento dos sabores.
 
Hoje a Oktoberfestbier não tem mais a mesma cor acobreada nem o mesmo paladar com mais lúpulo da Märzen. Ela apresenta uma cor dourada intensa e perde um pouco do caráter lupulado, mas mantém o caráter maltado que lembra pão e biscoito.
 
No Brasil podemos encontrar duas Oktoberfestbiers alemãs, a Paulaner Oktoberfest e a HB Oktoberfest. Ainda não as vi nas gôndolas esse ano. Outra que já pode ser encontrar aqui é a Bamberg Die Wiesn, feita pela cervejaria brasileira especializada em estilos alemães.
 
 
Dica da semana:
Bamberg Die Wiesn – Oktoberfestbier, 5.7% ABV, garrafa 600ml.
 
Aparência: Cor âmbar, límpida e espuma de boa formação e média duração.
Aroma: Malte, caramelo, adocicado, pão, biscoito, leve lúpulo (floral, herbáceo).
Paladar: Malte, adocicado, caramelo, pão, leve lúpulo (herbáceo), leve amargor, corpo leve/médio.
 
Boa cerveja. Malte como elemento principal em notas adocicadas de caramelo, pão e biscoito e lúpulo com aroma floral e herbáceo e leve amargor somente para equilibrar.
 
 
 
 
 
 
Veja fotos da Oktoberfest:
 
 
Rodrigo Campos Oliveira é editor do blog Para Que VoCerveja, cervejólogo e consultor para bares, restaurantes, lojas e eventos. Viajou o Brasil e o mundo visitando cervejarias e bares especializados. Adora cozinhar pratos que combinem com suas cervejas preferidas, da entrada à sobremesa. Ministra palestras e harmonizações com cerveja para dividir parte do conhecimento adquirido nos últimos anos. Fale com o colunista pelo twitter, facebook ou email: [email protected]