28, novembro, 2019

As “cervezas” dos “hermanos”: cenário e cervejas na Argentina

Patagonia
O nosso colunista dessa vez foi longe: na terra dos “hermanos”, o Samuel Magalhães nos conta sobre as cervejas na Argentina e o cenário cervejeiro desse país vizinho

Dizer que na Argentina só se bebe vinho é o mesmo que achar que o Brasil é só futebol e samba. Nossos hermanos podem ser mundialmente famosos pela alta qualidade das suas uvas, mas a cerveja também tem um lugar especial no copo e no coração dos argentinos.

Fiz uma viagem recente para a Argentina (mais especificamente Buenos Aires, Mendoza e Bariloche) e tive a prazerosa surpresa de me deparar com um cenário cervejeiro extremamente maduro, democrático e cheio de novos sabores.

Meu intuito aqui não é o de listar e detalhar todas as marcas e tipos de cervejas que experimentei durante a viagem, mas compartilhar um pouco das sensações e impressões que tive, e, de quebra, dar uma dicas para quem está pensando em visitar a região e curtir uma boa cerveja.

Happy Hour na ArgentinaPara começar, o que mais me chamou atenção foi o fato de todos os bares e pubs argentinos possuírem seus próprios chopps. Isso mesmo, “chopps” no plural. A variedade de cerveja fresca supera (e muito) a quantidade de rótulos nacionais nos bares. Todos servidos em media pinta ou na pinta tradicional, a mesma medida de 500ml da pint inglesa, ou do chopp alemão. Produzida no quintal do bar ou em uma cozinha sob demanda, o fato é que toda a carta de cervejas trazia a identidade do pub e a coerência com os pratos do menu.

Como se não bastasse, lá não tem miséria de happy hour não. Todo os dias, até por volta das 21hs, é possível comprar uma pinta pela metade do preço. Alguns pubs chegam a interromper o happy hour quando chega o horário e retornam por volta da meia-noite. Detalhe: a média de valor da pinta é R$ 7,00. Se isso tem a ver com o fato de os argentinos recolherem menos impostos sobre a produção de bebidas alcoólicas ou terem clima e solo mais favoráveis para a produção do seu próprio lúpulo, eu realmente não sei. O fato é que não tem como não comparar um custo-benefício desses com o do nosso país.

PatagôniaAs mainstream têm seu espaço também (lembra que falei de democracia lá no início?). Por conta do clima frio na maior parte do ano, é muito comum essas cervejas serem servidas em garrafas de 1 litro. Isso mesmo. Sem isopor para evitar esquentar, sem nada. Só o garrafão em cima da mesa mesmo. Muitas vezes nem existe a opção da lata de 473ml, que seria a única outra opção disponível, já que as garrafas de 330ml são raríssimas. As mainstream de maior destaque são: a famosíssima Quilmes, a Andes e a Isenbeck.

Vai para Bariloche e quer harmonizar os excelentes chocolates patagônicos com uma boa cerveja?! Passa em um quiosco qualquer e leva uma Imperial Cream Stout. Depois vem aqui e me diz o que achou.

Ainda em Bariloche, a visita à fábrica da cerveja Patagonia é simplesmente imperdível. Lá tem um bar que, além de bem grande, é estilosão. Ainda é possível atravessá-lo até o jardim e se esticar em uma espreguiçadeira, enquanto toma um dos inúmeros chopps artesanais da casa e aprecia a vista dos Andes às margens do lago Perito Moreno. A cervejaria Patagonia fica no quilômetro 24.7 do Circuito Chico. O acesso é muito simples e existem duas linhas de ônibus (10 e 20) que saem do centro da cidade e lhe deixam na entrada do lugar.

ImperialFalando em 24.7, esse é o nome de uma das cerveja que mais tomei por lá. Essa é uma session IPA com mel e sauco, e dizem os cervejeiros da Patagonia que essa é a cerveja que mais traz sua identidade. Bom, com certeza ela não passou por mim despercebida.

Já Mendoza é apaixonante mesmo. Confesso que dei minhas “escapulidas” no vinho aqui e ali, mas carreguei no coração (e na mochila) o tempo todo a IPA da Andes Origem. Além dessa, a Andes Origem tem também uma stout e uma vienna deliciosas. O lance é que essa IPA leva uva, que você só consegue sentir no último momento do gole. Ficou curioso e na vontade? Só dá para entender provando. Garanto que não vai se arrepender.

A Argentina é repleta de sabores que eu nem imaginava. O fato mais intrigante é que, apesar disso, a única cerveja do país que chega no Brasil em maior escala é a Patagonia nas versões Bohemian Pilsener, Amber Lager e Weisse. Ou seja, o único jeito é fazer o “sacrifício” de voltar sempre lá para manter essas boas lembranças frescas.

Saúde e até a próxima!

Samuel MagalhãesSamuel Magalhães é consultor de negócios, fotógrafo e especialista em marketing. Fundador e produtor do @SamCervas, perfil do Instagram criado em 2016 que aborda o lifestyle cervejeiro com conteúdo e bom humor.

Colunista do Portal Sabores.