30, dezembro, 2022

Como escolher espumantes para as festas de fim de ano?

O Réveillon está aí: trazemos hoje um guia específico para a escolha de espumantes para as festas de fim de ano (Foto: Pexels/Pixabay)
O Réveillon está aí: trazemos hoje um guia específico para a escolha de espumantes para as festas de fim de ano (Foto: Pexels/Pixabay)

Em clima de festas de final de ano, a sommelière Érika Líbero preparou um guia dos espumantes, com dicas e curiosidades sobre como escolher espumantes para as festas de fim de ano, bebida sempre popular no Réveillon

O espumante é um dos tipos de vinhos mais democráticos. Tem para todos os gostos, todos os níveis de açúcar, todas as cores, todos os bolsos e acompanha todos os tipos de refeição – da entrada à sobremesa. Érika Líbero começa explicando o que é o espumante: é o vinho que passa por duas fermentações, a primeira para transformar a uva em um vinho base branco ou rosé, e a segunda para adicionar o gás carbônico nesse vinho base.

Métodos para produção de espumante

Há 3 métodos para produção dos espumantes. Para obter um espumante, o vinho base deve ser fermentado novamente para a formação da perlage (aquelas bolhas do espumante). Essa segunda fermentação pode ser feita por dois métodos:

Tradicional: também conhecido como método champenoise ou clássico, a segunda fermentação ocorre na garrafa.

Charmat: a segunda fermentação ocorre em tanques de inox e só depois é envasado.

Há ainda o método Asti, uma variação do método Charmat, consistindo em uma única fermentação, gerando álcool e perlages de uma só vez.

Nem todo espumante é Champagne ou Prosecco: “Vamos começar já dizendo que nem tudo que borbulha é Champagne ou Prosecco. É muito comum usar os termos ‘champanhe’ e ‘prosecco’ para falar de um espumante”, conta Érika Líbero.

O champagne tem esse nome por ser um espumante feito em Champagne, região da França (Foto: Pexels/ Cottonbro Studio)
O champagne tem esse nome por ser um espumante feito em Champagne, região da França (Foto: Pexels/ Cottonbro Studio)

Champagne

O champagne é o espumante feito em Champagne (região da França) pelo método tradicional (champenoise) com as uvas permitidas em Champagne: ChardonnayPinot Noir e Meunier. Outras quatro uvas são permitidas (Arbane, Petit Meslier, Pinot Blanc e Pinot Gris), mas estas representam menos de 0,3% da produção de uvas de Champagne.

Prosecco

O Prosecco é o espumante feito no Vêneto (Itália) pelo método Charmat com a uva Glera. Antigamente, a uva Glera era chamada de Prosecco, mas mudou de nome para evitar que espumantes de outras regiões e países que usassem essa uva também fossem chamados de Prosecco.

Cava

O Cava é o espumante da região de Penedés (Espanha) com as uvas Macabeo, Xarel-lo e Parellada. É feito pelo método tradicional.

Não é “a” espumante e sim “o” Espumante

“É comum ouvir ‘vou tomar uma espumante’, mas o correto é um espumante, substantivo masculino”, destaca Érika, que também fala sobre a questão linguística em relação ao champagne: “O Volp traz champanhe como substantivo masculino e feminino, portanto, é permitido dizer “o” champanhe ou “a” champanhe.”

Espumantes brancos podem ser feitos de uvas tintas

Uma das uvas de Champagne é a Pinot Noir, uma uva tinta. Um espumante branco pode ser feito 100% com a uva Pinot Noir. O termo usado para um espumante feito com uvas tintas é Blanc de Noir.

Blanc de Blancs é só com uva branca

Quando encontrar um rótulo com a descrição Blanc de Blancs, se trata de um espumante branco feito exclusivamente com uvas brancas. Em geral, esses vinhos são produzidos 100% com a uva Chardonnay.

Brinde ao Ano Novo
Brinde ao Ano Novo (Foto: Pexels/ Cottonbro Studio)

Você sabia que a pressão de uma garrafa é superior a 4 atm?

Um dos fatores que classifica um espumante é a pressão, que deve ser acima de 4 atm. Uma pressão de 4 atm pode causar um bom estrago, por isso, cuidado ao abrir uma garrafa de espumante. A gaiola, aquele arame que segura a rolha, está lá justamente para a garrafa não expulsar a rolha, então, a partir do momento que a gaiola é retirada, a atenção deve ser redobrada para evitar acidentes.

Érika compara: “Para ter uma ideia do que é 4 atm:

Panela de pressão de 4 litros: 2,5 atm (temperatura acima de 100 graus Celsius)

Pneu de caminhão: 4 atm (depende do pneu)”.

E complementa: “Não precisa se apavorar, mas é bom manipular com cuidado. Não aponte a garrafa em direção às pessoas, animais, objetos (cuidado com lâmpadas e lustres!)”.

Já reparou que, em geral, o espumante não é safrado como outros tipos de vinho? Geralmente, não há o ano da safra no rótulo do espumante. Isso acontece porque o enólogo faz cortes com diferentes safras para manter o padrão do espumante ano a ano.

O termo Brut encontrado nos espumantes diz respeito ao teor de açúcar. Teor de açúcar do espumante, de acordo com a descrição do rótulo.

Nature: até 3g
Extra–brut: superior a 3g e até 8g
Brut: superior a 8g e até 15g
Sec (ou seco): superior a 15g e até 20g
Demi-sec (meio-seco ou meio-doce): superior a 20 e até 60g
Doce: superior a 60g

No Brasil, há um espumante que pode ser chamado de champanhe. A Vinícola Peterlongo possui um espumante que pode ser chamado de champanhe. O Recurso Extraordinário 78.835 concedeu de maneira irrevogável o direito do uso do termo champagne em alguns de seus rótulos. A Vinícola Peterlongo foi a pioneira na produção de espumantes no Brasil, em 1915.

Tin, tin
Tin, tin! (Foto: Pexels – Cecília o Tommasini)

Espumantes tintos?

Não é muito comum, mas existe. Aqui no Brasil, duas vinícolas já produziram espumante tinto com a uva Merlot: Estrelas do Brasil e Guatambu. A vinícola Viapiana (Flores da Cunha-RS) lançou um espumante tinto elaborado 100% com a uva Gamay.

Hamonizações

Érika destaca a versatilidade do espumante: “É um tipo de vinho que vai bem do começo ao final da refeição. Espumantes harmonizam da salada à sobremesa.”

A sommelière dá uma sugestão de ordem para que os espumantes sejam servidos do início ao fim da refeição:

Entrada: Brut/Nature elaborado pelo método Charmat.
Prato Principal: Brut/Nature elaborado pelo método Tradicional.
Sobremesa: Moscatel, elaborados pelo método Asti.

Érika destaca que “a escolha vai depender do gosto pessoal ou da harmonização com os pratos”. Espumantes feitos pelo método Charmat são mais leves, frescos e frutados. Acompanham bem pratos leves, entradas, tábua de queijos e frios. Espumantes elaborados pelo método tradicional, em geral, são mais estruturados e cremosos. Acompanham bem pratos com mais estrutura, como peixes assados, aves e até uma feijoada. Espumantes doces feitos pelo método Asti harmonizam perfeitamente com sobremesas.

O espumante deve ser servido gelado ou resfriado? Por quê?

Os espumantes são servidos gelados para realçar a acidez e não acentuar o álcool. Antes de servir, deixe por pelo menos 2h30 na geladeira ou uma hora no balde de gelo. Durante o serviço, mantenha no balde de gelo para manter a baixa temperatura.

Os espumantes brasileiros estão entre os melhores do mundo

“Pode comprar sem medo! Temos espumantes de todos os métodos , todos os teores de açúcar e todas as cores. Recebem vários prêmios mundiais e são elogiados mundo afora. Não tenha medo de comprar espumantes nacionais”, conta Érika.

Em relação às regiões que produzem espumantes no país, a sommelière explica que Garibaldi é conhecida como a capital nacional do espumante, já Farroupilha é a capital nacional do Moscatel e a Região do Vale do Rio São Francisco produz excelentes espumantes.

Qual a taça mais indicada para o Espumante?

A taça mais indicada para servir o espumante é a flüte, mais alta e estreita, para manter o gás carbônico. Caso não tenha, não se preocupe, utilize a taça de vinho, mas sirva em pequenas quantidades.

Assim como o vinho, o espumante precisa envelhecer ou perde o gás com o tempo?

A maioria dos espumantes já chega no mercado prontos para consumo e em geral são consumidos jovens. A rolha armazena bem o gás carbônico dos espumantes, mas após aberto o gás se perde rapidamente e recomenda-se o consumo imediato.

Que comecem as celebrações de final de ano com brindes de espumantes. Tin tin!