O vinagre, derivado do vinho, deve respeitar uma nova legislação. A Instrução Normativa nº 6 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Mapa) promoveu mudanças nas nomenclaturas e extinção de alguns tipos de vinagre, como o “vinagre escuro”, que adicionava caramelo para imitar o legítimo vinagre de vinho tinto. Outro produto proibido é o vinagre misto (agrin), produto que era feito do álcool da cana de açúcar com vinho tinto.
Os vinagres escuros e agrin são donos de mais de 50% do mercado hoje, isto é, mais de 100 milhões de litros. O vinagre de álcool escuro era dono de aproximadamente 45% desta fatia e fatura cerca de R$ 240 milhões por ano.
As medidas ainda determinam que todos os vinagres de álcool que tenham a adição de algum produto, sejam identificados pelas expressões “colorido” e/ou “aromatizado”. A norma também proíbe o uso na rotulagem de expressões não regulamentadas como artesanal, caseiro, familiar, reserva, gran reserva, premium, entre outras. “A partir de agora, vinagre escuro, só aqueles produzidos com vinho tinto”, afirma Darci Dani, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi). Ele explica ainda que a determinação foi para ajudar o consumidor, que era levado ao erro, comprando vinagres escuros artificialmente coloridos com caramelo e com quase nada de vinho.
A legislação define que os vinagres de álcool puros, que são coloridos artificialmente, não podem mais ter grandes adições de corante, justamente para não ser confundidos com o vinagre de vinho tinto. Eles deverão ser chamados de vinagre de álcool colorido. “Quem ganha é o consumidor, que terá vinagres mais aromáticos e naturais, ou seja, produtos mais elaborados, sofisticados e saudáveis”, acrescenta Marcelo Cereser, diretor da Associação Nacional das Indústrias de Vinagre (Anav).
Dentro ainda das modificações de nomes, o produto que hoje é conhecido como de vinagre de álcool com ervas finas, passa a ser identificado como vinagre de álcool aromatizado com ervas finas. O mesmo vai ocorrer com os de hortelã e alho. Os vinagres que levam adição de algum suco, como é o caso do de limão, deixam de ser chamados de vinagre de álcool com limão e passam a vinagre de álcool composto aromatizado de limão. Os que são feitos com base em maça, por exemplo, serão chamados de vinagre de fruta.
Nova demanda por vinho
Atualmente, em torno de 90% de todo o vinagre produzido no Brasil – 200 milhões de litros por ano – são feitos a partir do álcool de cana de açúcar. Somente uma pequena quantidade tem origem no vinho, ao contrário do que se poderia imaginar. Darci Dani considera que se abre uma nova demanda para o alto volume de estoques de vinhos presente na indústria nacional. “Em qualquer parte, o vinagre mais apreciado e com maior valor agregado é o elaborado a partir do vinho”, diz ele.