13, dezembro, 2012

Por trás do brinde

 

Tenho, nestes dias que antecedem o período festivo do Natal, estudado mais sobre o cerimonial que envolve o serviço do vinho. Percebi um detalhe que em todos os textos me chama a atenção: o ato de brindar, momento realmente marcante nas ocasiões em que se celebra algum acontecimento especial. Muitos me questionam sobre qual a sua origem, por isso vamos em busca de um pouco de história.
 
"Tudo começou em" não é a frase ideal para este tema, uma vez que não se tem a exatidão do período em que os brindes começaram a ser realizados, muito menos dos locais (reinos) de origem. Essa busca pela exatidão é um grande teste de habilidades de qualquer pesquisador sóbrio, mas certamente muitos fatos e suposições interessantes fazem parte dessa tradição.
 
A primeira lenda que conhecemos faz menção ao brinde como um ritual para (com)provar a segurança das bebidas que estavam sendo servidas, uma vez que os brindes eram realizados batendo-se copos e canecas e a probabilidade de os líquidos presentes se misturarem era grande (eram vários brindes, e a frequência aumentava de acordo com o consumo das bebidas), ou seja, se houvesse veneno em algum recipiente, facilmente seria compartilhado. 
 
Mas, pelo que pude perceber, essa origem ainda é duvidosa, especialmente porque o brinde rapidamente se tornou tradição entre amigos, pessoas confiáveis, segundo a qual o anfitrião sempre bebe primeiro para aprovar o serviço do vinho diante dos demais. Essas informações foram obtidas em uma obra de ficção do romancista Frances Alexandre Dumas, da década de 1830.
 
Outra lenda recorrente, conforme tradição religiosa, diz que o brinde era consumado objetivando-se espantar os demônios dos espíritos. Esse costume medieval era fruto da crença de que o tilintar das taças se comparava a badaladas dos sinos das igrejas e, portanto, atuava como tais. O grande problema dessa suposição é exatamente o fato de não haver disponibilidade de taças de vidro ou cristal em quantidade suficiente para essa disseminação, ficando então como uma "boa história de bar".
 
O ato de produzir sons com as taças e copos antes de refeições foi compartilhado, e ainda o é, em muitos locais. As tribos germânicas batiam seus copos sobre as mesas antes de beber, para derrubar os fantasmas presentes. Cavaleiros nômades, como Átila, decoravam seus copos com pequenos sinos, e brindavam constantemente para afastar o mal presente, além de vários relatos similares encontrados sobre os povos nórdicos e asiáticos.
 
Como não poderia deixar de ser, concluímos este texto com algumas dicas ao brindarmos:
 
1 – Embora a prática de se bater com a colher na taça de vinho ou espumante seja muito comum, ainda é considerada deselegante. Mais deselegante ainda é interromper alguém em seu brinde.
 
2 – No evento em questão, por educação, nenhum convidado deve oferecer um brinde ao convidado de honra até que o anfitrião o faça. É tarefa de quem está patrocinando o evento ou recepcionando os convidados.
 
3 – Sugere-se que as pessoas agraciadas pelo brinde não bebam com os demais no momento do ato, mas somente após dirigirem-se a quem propôs o brinde ou celebrarem um novo brinde em agradecimento aos demais.
 
4 – Baixar a taça durante o brinde finalizado ou não beber logo em seguida é indubitavelmente considerado falta de educação, o que sugere que não se compartilha dos sentimentos benevolentes expressos no brinde, nem da unidade e da comunhão implícita no ato.
 
 
Dica da semana 
Esta semana é especial para os consumidores de vinhos em nossa cidade. A loja virtual Adega Free Shop (www.adegafreeshop.com) foi lançada em Fortaleza. O e-commerce de vinhos, champagnes e bebidas destiladas se caracteriza pela aposta na diversidade de produtos e rápida entrega. Em tempos de comodidades e facilidades, é importante prezar pela confiança em quem presta o serviço, e posso afirmar: serviço testado e aprovado! Aos colegas enófilos de plantão, segue esta nova opção de escolher seu vinho e recebê-lo em casa em até 24hs!
 
 
Paulo Elias é sommelier e diretor de Importação do Grupo Parque Recreio. Já importou alimentos e bebidas de mais de 20 países e visitou diversas regiões vinícolas a convite de importadoras. É diretor de marketing e um dos fundadores da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS– CE). Ministrou cursos e palestras sobre vinhos e participou da Expovinis por três anos consecutivos. Além disso, é professor nos cursos de Pós-Graduação em Comércio Exterior da UNIFOR, Estácio/FIC, Faculdade CDL e FIEC.
Fale com o colunista pelo email: [email protected]