4, junho, 2013

Entre técnicas e paixões

Jacqueline Almeida traz o seu olhar sobre o primeiro dia do I Congresso Internacional de Gastronomia e Ciências Alimentares

Por Jacqueline Almeida*

A idéia de integrar duas artes, a música e a gastronomia na abertura do congresso, foi genial. A delicadeza do quarteto de cordas dos alunos do curso de música da Universidade Federal do Ceará mostrou o que nos esperava pela frente. Eles interpretaram compositores violonistas cearenses, valorizando assim o que temos de melhor em nossa terra.

A primeira palestra (A Gastronomia Molecular), ministrada por Maria Paulina Estornino Neves da Mata – FCT/UNL, Lisboa – Portugal, veio mostrar a proximidade que a gastronomia precisa ter com a ciência. Mostrou o quanto devemos conhecer as nossas ações e reações no momento de criação e produção dos alimentos.

Enfatizou a necessidade básica de conhecer a química e física de cada alimento trabalhado, pois somente desta forma poderemos criar e recriar reações gustativas, utilizando o nosso conhecimento de produção clássica de cada prato da nossa gastronomia, criando, assim, a possibilidade comer o inesperado e trazendo um grande gama de cores, formas e texturas para o clássico.

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Léo Gondim foi o anfitrião de Tereza Paim na palestra sobre as potencialidades dos ingredientes regionais

A segunda palestra nos transportou para a cozinha clássica regional. Tereza Paim (Salvador/Bahia) enfatizou a grande necessidade que temos em sermos sensíveis a busca da nossa raiz gastronômica, valorizando os interiores culturais de cada alimento e trazendo para o novo mundo de ideias dos alimentos, o amor à nossa própria história e o valor de nossa própria terra.

Na terceira e última palestra do dia, Ana Valesca Mendonça Silva Rabelo abordou a linda ideia da cura de intolerâncias alimentares através dos alimentos. A ideia apresentada foi de substituir as curas alopáticas pela cura através do prazer de se alimentar bem. O comportamento alimentar pode transformar um tratamento de uma doença em uma restrição. A ideia parte do princípio de que não somente o alimento cura, mas o fato de tornar prazerosa a cura no momento deste tratamento torna infinitamente mais rápida e tranquila a busca do equilíbrio destas intolerâncias. Assim, deve-se buscar o a transformação dos alimentos, pensando neles como uma verdadeira farmácia viva.

DSC_0970*Jacqueline Almeida é cozinheira e a cada dia trará o seu olhar sobre as palestras do I Congresso Internacional de Gastronomia e Ciências Alimentares, que segue até o dia 5 de junho, no Marina Park Hotel.